segunda-feira, 1 de julho de 2013

Os filhos da pauta

01/07/2013
Na vertente musical política, 90% da “música” propagada pelo País é obra de filhos da pauta que regressam ao coreto passado um curto período de nojo, para dar baile ao povo amnésico que quer a repetição dos concertos de triste memória para quem não sofre desta doença crónico-degenerativa.
Fui para longe da zona de conforto, por lá andei, voltei tal como fui, para encontrar o povo tal-qual o deixei. Quando fui, jazíamos aos pés da Virgem, agora que voltei, jazemos aos pés de Ronaldo e do Zé Castelo Branco.
Claramente mais futebolizados, num filosofismo capaz de traduzir “J’accuse” de Zola por Jacuzzi das muchachas de Berlusconi, preparativos por preservativos, estofado por estufado, capaz de vender a baca para comprar um arboredo na Serra da Peneda, e por-aí-fora, até dar à língua de Camões o destino da língua de vaca muito apreciada com ervilhas e arroz-carolino ao forno.
Em futebolês deitamos contas à vida. “O famigerado incendio devorou quarenta campos de futebol”. “O IRS aumentou dez estádios do Euro 2004”. “ Oxalá que a telenovela seja fixe e que o central da minha equipe tenha atitude”: “Que tenha atitude”! A desgraça do desemprego e roubalheira governamental são niquices de somenos importância. Ficamos contentes de ver o CR7 faturar 40 mil euros à jorna (8 mil contos dia). Curvamo-nos e ajoelhamos quando o nosso guia espiritual sobe ao púlpito para nos lembrar as boas práticas: “ajuda o teu próximo como a ti mesmo”, sem nos questionar qual a contribuição em IRS que paga o mensageiro de tão nobre lição de moral. Não investigamos nada, não fundamos nada, não criamos escolas nem hospitais, apenas permitimos que fechem os já criados. Servimos apenas de sustento das aparelhagens do poder, com sufocantes contribuições e levianos votos de alegrias sem trabalho.
Sofremos com a ausência dos filhos da pauta. Queremos ver o Guterres na presidência da Fundação Calouste Gulbenkian, o Barroso na presidência da República, o Vítor Constâncio (vitinho) na presidência de uma qualquer fundação talhada à altura do valioso contributo que deu para delapidação do BPN. “O bom filho à casa do pai voltara”. O último filho da pauta, já voltou embebecido nos requintados perfumes Parisienses, para nos ambientar o pestilento cheiro de destruição que deixou no país.
Somos gente de brandos costumes, obedientes e bem comportada. ”Ao que te bate numa face, oferece-lhe também a outra, e ao que te tira a capa, não lhe negues a túnica”, nem a reforma, nem o salario, nem o emprego nem a tua felicidade. Mesmo se vives na miséria, foge da companhia de quem prefere morrer de pé para defender o que é seu, que não dá a outra face, e cumpre religiosamente pecadora regra. ”Olho por olho, dente por dente”.
Se já perdeste a face oferece também “les fesses”, para esquecer que o filho da pauta antes de refugiar-se na Cidade-luz, prometeu 150 mil empregos e deixou o pior desemprego dos últimos 80 anos com mais de 700 mil desempregados, que fechou milhares de escolas, maternidades e centros de Saúde, que deixou o País no pior crescimento económico dos últimos 90 anos com a pior divida publica dos últimos 160 e a pior divida externa dos últimos 120, que em 6 anos aumentou a divida de 80 para 160 mil milhões de euros, que provocou a pior vaga de emigração desde o seculo XIX,  que aumentou o IVA dos pobres para 23% e que baixou o IVA dos ricos (do golfe) para 6%.
Sem face, sem túnica e sem dignidade, facilmente esquecerás que viste o filho da pauta regressar ao volante de um modesto automóvel alugado, para não dar nas vistas com o mercedes S 550 CDI, de 95 mil euros (19 mil contos) que comprou passados dois meses depois de sair do governo sem precisar do empréstimo que fez na CGD para “estudar” em Paris, onde mora modestamente no modesto bairro 16, com rendas de habitação que andam nos 7 mil euros mensais.
Perdoa, não sofras mais, esquece que o “artista” também foi Secretario de Estado e Ministro do Ambiente, responsável pelo lançamento do projeto do aterro da Cova da Beira, onde foi investigado por suspeitas de favorecimento ao seu antigo professor António Morais, (o tal) que mais tarde lhe ofereceu as notas ao domingo para concluir a licenciatura de engenharia civil.
A raiva é má conselheira. Se persistires em recordar que na investigação ao licenciamento do Freeport, varias testemunhas alegaram em tribunal que o filho da pauta teria exigido 2,5 milhões de euros (500 mil contos) para viabilizar o empreendimento, e que nas escutas ao amigo Armando Vara foi apanhado com indícios de um plano de controlo da comunicação social onde um procurador tentou acusa-lo e o “outro” travou a investigação.
Sabes que a inveja matou Caim. Se já moras na prateleira dos desempregados, sem subsídio e sem futuro, não invejes o emprego do filho da pauta na Presidência do conselho consultivo para a América Latina, de uma Farmacêutica que no seu governo se fartou de faturar aos hospitais públicos por ajuste direto, que acabou por desajustar a tua carteira
“Quem for inocente que atire a primeira pedra”. Não vem mal ao mundo, se o filho da pauta tem um fraquinho por restaurantes de luxo e por vinhos a 200 euros-garrafa, por modestas mesadas de 15 mil euros, e por apartamentos em prédios de referência na capital, que até consegue comprar por metade do preço do vizinho do lado, no mesmo prédio e no mesmo local.
Com um currículo assim, qualquer galo de campo estaria fechado detrás da rede do galinheiro, em vez de andar empoleirado à solta a dar lições de moral.
Faz lembrar-me a anedota da mãe que mandou o puto à cozinha para trazer duas cervejas frescas: o puto abriu a porta e gritou, “Mãe há só uma”. Pois é: mãe há só uma, mas com a Ex Procuradora Adjunta o filho de pauta tinha mais mães que o puto cervejas na geladeira.
Assim se governou Portugal no passado, assim se governa no presente, e assim se governará no futuro com uma Troika de filhos da pauta que nunca fizeram nada na vida, a não ser de seguir a voz e o rasto do dono que a seu tempo se encargará de os guindar ao poder.
Não será demais recordar as recomendações de, “Thomas Jefferson”, de “Almeida Garrett”, e do “Ti-Quim”.
“Acredito que as instituições bancarias são mais perigosas para a nossa liberdade do que exércitos prontos para combater. Se o povo alguma vez permitir que bancos controlem a sua moeda, os bancos e todas as instituições em torno dos bancos despojarão o povo de toda a posse, primeiro pela inflação, depois pela recessão, até ao dia em que os seus filhos vão acordar sem casa e sem tecto”. (Jefferson)
“Reduzi tudo a cifras. Comprai, vendei, agiotai. No fim disto tudo o que lucrou a espécie humana? E eu pergunto aos economistas-políticos, aos moralistas, se já calcularam o número de indivíduos que é forçoso condenar à miséria, ao trabalho desproporcionado, à desmoralização, à penúria absoluta, para produzir um rico”. (Garrett)
O Ti-Quim, meu ídolo, era analfabeto redondo, inteligente, homem de poderosíssimas convicções e senhor do seu nariz. Lembra-me de o ouvir dizer. “ Suportar governantes com menos de 50 anos e sem 20 anos de experiencia empresarial, é como mijar contra o vento. Pensam que sabem governar, mas depois na prática a teoria é outra” (Ti-Quim)
“Vós alfabetizados, sabeis ler para que possam dizer-vos quem deveis amar, a quem deveis obedecer, quem deveis odiar, e o que deveis pensar”. ( Ti-Quim)
O Ti-Quim viveu e morreu a justificar sempre aquilo que comeu. Se cá volta-se diria: “ Governantes que não encontram o túnel, não podem prometer ao povo que a travessia esta a chegar ao fim. Sem a luz do fim do túnel, vivereis na escuridão porque sois uma cambada de nabos manipulada por uma cambada de filhos da p.…”.