18/08/2015
Embora com algum folclore de
cavalaria-ligeira à mistura, o caso Manuel Palito foi tratado pela justiça com rapidez
e celeridade. A justiça prendeu quando pode prender, julgou quando devia julgar
e condenou como devia condenar. O culpado cumpre agora uma pena justa da qual
dificilmente sairá vivo para voltar a praticar mais crimes hediondos como
aquele cometeu.
Seguiu-se o caso Sócrates em que
a justiça nem sequer esperou que o “fulano” partisse para o enjaular logo à
chegada, com honras de “ramona”, polícia e televisão assessorada de paparazzi
para que nada ficasse por registar pelas frinchas e buracos da fechadura até à
ordenação da prisão preventiva com escolta até à cadeia de Évora.
O caso (Sócrates) Marquês
arrastou uma reboada de clientela amiga do alheio para a prisão carcerária e
domiciliária, incluindo os obrigados a termo de entidade e residência como o
chauffeur Pernas que regressou a casa em transporte escoltado às sapatadas no
traseiro.
Não posso quantificar ao certo,
mas entre o recluso 44, os Vistos Dourados do Couto, e a Face Oculta do Vara,
não andaremos muito longe do recluso 69, numero mítico que até os analfabetos
gostam de numerar.
Pouco a pouco o País ficava mais limpo.
Passei a esquecer a chave na porta e a dormir com a janela aberta até acordar manhã-cedinho
com louvados-seja à justiça que funcionava sob a batuta do Juiz Carlos
Alexandre, um Lusitano que tanto me fez recordar o famoso Juiz Italiano, Giovanni
Falconi que numa explosão de 500 quilos de dinamite, pagou com vida o preço de
ter condenado 360 mafiosos de igual ou pior quilate dos que hoje apodrecem o
nosso País.
Depressa voltei a trancar portas
e janelas depois de sonhar com uma carta que me tirou o sono, dirigida de “amigo”
(Ricardo S) para “amigo” (Carlos A) reveladora e muito comprometedora de tanta
amizade entre os dois amigos. Mesmo ao repelo dos habituais comentários
branqueadores do sistema, a carta do inconsciente-sonho foi tão elucidativa,
que nada me moverá da ideia que tudo isto é orquestrado pelo ainda dono-disto-tudo.
Antes de passar o imprudente-sonho
a limpo, recordemos que Ricardo Salgado foi constituído arguido em 2014 no caso
Monte branco. Conhecido como o banqueiro do regime e o homem mais poderoso do
País que durante mais de duas décadas liderou o BES e a fortuna familiar de
centenas de milhões de euros.
No tempo das vacas gordas foi galardoado
com o título de “dono-disto-tudo” fundos europeus incluídos, por onde se
cruzavam e genufletiam à passagem do dono em danças de ventre, todas as
sanguessugas Lusitanas, incluindo empresários de bolso, papagaios comentadores,
e políticos para se financiarem as licenciaturas-a-martelo com o intuito de
chegar ao poder, cujo resultado agora encalhou nesta fornada de doutores
analfabetos e governantes incompetentes que nunca fizeram na vida, alcançando o
poder sem saber ler e escrever, nem elaborar o mais insignificante boletim de
salario do mais insignificante assalariado no mercado de trabalho nacional.
Com tantas benfeitorias poderemos
perceber melhor a última afirmação de Ricardo Salgado; “Tudo farei para defender
a minha honra e a honra de toda a família”. Rodeado de tanta amizade temos a
certeza que vai conseguir.
Segue o resumo do sonho que me tirou
o sono, obrigou a trancar portas e janelas e a dormir com pesadelos. “Prezado amigo:
É sempre bom ter-te por perto e disfrutar da tua lealdade, pois é
fundamental a amizade de alguém em quem confiamos para que possamos partilhar
as nossas angústias e problemas sem receios nem reserva.
Passado um ano depois
da queda do império BES e da família Espirito Santo, o tempo já foi suficiente
para poder agora pensar no futuro depois de ter varrido o pó das prateleiras, ocultado
o que havia para ocultar e destruído as provas que poderiam incomodar.
A razão desta carta, é para com a maior brevidade possível marcar uma
reunião, à qual me deslocarei pelos próprios meios mesmo não sendo muito usual
neste tipo de situações. Acharás estranha, tanta urgência, e logo por azar em
cima das férias judicias. O problema é que aquela “gentalha de emigrantes” que
foi entubada com o papel comercial também tem férias, e parece que querem
gozá-las com ideias pouco católicas. Será portanto conveniente ordenar-me a
prisão preventiva, um pouco diferente daquele pilha-galinhas que está em Évora
atrás das grades, e do peixeiro dos robalos que está anilhado no pombal.
Podes ficar descansado, logo que regresse a casa em transporte
particular considerar-me-ei preso domiciliário com policiamento, não por causa
de quem poderá sair mas sim por causa de quem poderá entrar para me tirar a
tosse e dar cabo do dono (e) disto tudo. Se tivesse apetências de viajante,
tive a oportunidade e tempo suficiente para dar a volta ao mundo meia dúzia de
vezes.
Sabes que a coisa esta a mudar, as prescrições já não são o que eram e
caem mal na opinião pública. Um imbróglio como o do BES merece bem meia dezena
de anos de prisão, tantos quantos os necessários para me proteger enquanto a
poeira assenta com raiva de vingança dos que trabalharam a vida toda para o “boneco”,
no caso de ser este o novo nome artístico que me queiram dar. Espero portanto que
o julgamento deste processo não ultrapasse os prazos limites porque a contagem
decrescente da pena já começou a contar.
O resto da reunião poderá alinhavar-se com mais alguns pontos na ordem
de trabalhos. Por exemplo, a necessidade de elaborarmos uma lista de
bodes-expiatórios daqueles mais fedorentos, que servem de airbag para amortecer
os impactos e as réplicas dos impactos na opinião pública e publicada que vamos
controlando.
Ah: podendo ainda juntar o útil ao agradável matando dois coelhos (salvo
seja) de uma só cajadada, não te esqueças de libertar aqueles três milhões da
caução do Monte Branco que já não fazem qualquer sentido, tendo em conta que
não há perigo de fuga, pela razão de já estar protegido a gozar da prisão domiciliária
policiada. Sabes que em tempo de vacas-magras o dinheirinho faz falta para não
cortar muito no “social”, a vida não está fácil para ninguém, assim poderemos
manter os amigos e o caminho aberto com redobrada esperança no futuro.
Chegados a esta bonita idade, bem merecemos a recompensa do guerreiro e
a memória da nossa imortalidade. Tu ficarás conhecido como o herói sem medo (mesmo
sem dinamite) que marcará para sempre a história da justiça nacional. Eu quero ver
se ainda em vida consigo bater nas bilheteiras, o Al Capone e o Vito Corleone,
e nas marisqueiras as mariscadas da reforma libre de vergonhas para a qual
tantas-estopinhas-suei.
Não te martirizes, prezado amigo. Sabes que 90% dos políticos
licenciados no mercado fui eu que os licenciei e coloquei, 90% dos comentadores
fui eu que os formei e ensinei. 90% das grandes empresas fui eu que as ajudei e
financiei. Resta-nos apenas não meter o pé na argola, por os papagaios mediáticos
a palrar e dar a entender à populaça que a justiça é igual para todos,
incluindo para o Palito, o Bibi e o Pernas que andam de uma jaula para outra em
passo apressado às sapatadas no traseiro. Abraço-te afetuosamente: Ricardo”.
“O poder absoluto corrompe
absolutamente”. E pronto: “o vento não me diz nada, ninguém diz nada de novo,
vejo a minha Pátria pregada, nos braços em cruz do povo.