sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

A maldição das Troikas


         
          Sem tempo para respirar nem para colar os cacos deixados pela Troika dos ricos que tinha tudo e queria mais, eis o milagre das rosas com a Troika dos depenados que não tem nada e quer tudo, liderada por alguém que odeia quem ganha por “poucochinho”, adora quem perde por “muitochinho”, e acha que com “trafulhices e rasteiras” pode governar um país e um povo, medindo os dois pela bitola dos da sua laia.
          Pobre classe média. Mercadoria e escravatura dos tempos modernos, outra vez entalada entre pobres e ricos, a rezar pelo Marquês de Pombal, para a libertar do garrote asfixiante que a levará até ao cadafalso.
          Faz lembrar-me um casal com filhos, uns, ajudam os pais, outros, criticam tudo, dão lições de moral a toda a família como se deve gastar, sem saber por onde lhe pegar para ganhar e poder pagar, esbanjando tudo nos copos, até á destruição da família e do património familiar.
          Só quem anda distraído poderá ficar surpreendido com o espetáculo deprimente a que assistimos. Desta geração de políticos dificilmente se poderia esperar melhor. É só retorica de ataque e defesa, de resto nada mais.
          Sendo católico praticante de vez-enquanto, prometo ao Pai-do-Céu, neste momento miserável, um sermão e missa cantada com mais de dez padres, para agradecer o milagre de neste interregno de “Desgovernação”, nos libertar desta canga, e varrer de uma ponta à outra, com este saco de gatos assanhados, mandando-os alimentar-se ao caixote, lá onde eles e as agências de rating colocaram um dos Países mais tranquilos do mundo: LIXO.
          Há dias li o comentário de um leitor, relacionado com o artigo de um jornal Espanhol que dizia: ”Portugal, aquele País maravilhoso arrisca-se de ser governado por um político sem escrúpulos”. Lembrei-me logo de uma antiga fiada na freguesia vizinha, onde os anfitriões não acharam graça nenhuma de nos ver a querer contar a história da carochinha às suas mossas. O Meia Leca que por razões obvias só valia por metade, viu que a coisa ia descambar para o torto e que o “futuro” estava do outro lado, foi completar a meia dúzia dos cinco (rivais) e meio, obrigando-nos aos dois colegas a aguentar a parada, e decidir por unanimidade a prudente decisão de dar à sola em retirada apressada, iluminados pelo luar, que na fuga nos dava pelas costas a projetar a nossa sombra lá para a frente, com o meu colega a gritar: “ foge pá que esses gajos são uns gigantes do c…lho”.
           Já em terreno mais acolhedor, esperamos de escopeta apontada, carregada com cartuchos a cacos de pote. Os gigantes não vieram saborear os cacos. Porem, não consegui demover o colega, que fez questão de esperar o (cobarde) Meia Leca, para aquecer-lhe o pelo e atirá-lo em pelota à corga. Isto traduzido em linguagem-chá, é o mesmo que mimar o amigo com o mesmo miminho que nos deseja, atirando-o ao riacho tal como Deus o atirou ao mundo, antes acender uma fogueira com a roupa para espalhar o frio de uma espera tão longa e gelada.
          Será a maldição das Troikas? Nunca pensei chegar à idade que cheguei para ficar órfão de quase tudo aquilo que mais admirava. Na política vê-se por aí uns “Gringos” que casam por conveniência, cujo projeto de vida se limita à divisão do valor das prendas, sem outro horizonte nem outro futuro para os filhos e para o dia de amanhã.
          Outros, com postura mais bondosa e mais “cool”, saltam logo para uma “menage-a-trois” com quatro, a curtir mais uns momentos “bacanas no ripanço”, deixando o abastecimento da manjedoura ao critério da parolada, e o mundo nas mãos de Deus para que tenha mão nele já que é fruto da sua invenção.
          O mesmo é dizer, que votar neste tipo de gente é saltar no desconhecido, e certificar-como-bom aquilo que mais se deve condenar no comportamento de alguém ao longo da vida. Cobardia e deslealdade.
          Isto não vai pelo bom caminho e não se vislumbram abertas nem melhorias para os próximos tempos. Muita juventude pensa que a vida é um filme, e que um governo é um jardim-de-infância mas não é. Só deveria poder governar quem aprendeu algo na vida, e que em final de carreira colocasse aquilo que aprendeu ao serviço da comunidade. Que mais- valia traz um “rapazote”, que em casa precisa dos pais para lhe assoar o nariz, que em vez de pegar no pau do cabo da picareta para trabalhar, pega no pau da bandeira partidária para sentar-se à mesa do Orçamento do Estado a lambuzar à custa da miséria do povo? Depois queixamo-nos da desgraçada vida que temos.
          A ideia que a vida é um filme é o disparate de um povo que adora olhar para a lua através da sargeta dos esgotos onde vive. Em vez de limpar a porcaria que tem à volta, prefere sonhar que pode sair dali com azinhas ou que o Pai Natal e o governo os virão desenterrar.
          Sei que nós Portugueses, quando nascemos, nascemos sempre para ser grandes. Mas por esta ou por aquela razão, nunca passamos de pequeninos e a culpa nunca é nossa. A culpa é da crise, dos mercados, da Europa, do azar, do governo, da oposição, da falta de subsídios, das cunhas, dos políticos, dos capitalistas e dos chupistas, do sol e do frio ou até dos “c…ões do padre Inácio”. O mundo parece conjugar contra esta espécie predestinada a ter um lugar ao sol, mas que a p.ta da vida teima em deixar ao relento sem nunca percebermos pela alma de quem.
          Nunca mais entendemos, que o mais normal é que existe sempre alguém melhor do que nós, a querer mais do que aquilo que queremos, o que é para nós uma grande chatice. Quando era pequeno também queria ser padre, embora hoje reconheça que seria uma desgraça, com a agravante de agora não poder desabafar com o filtro do costume. Parece porém uma “lapalissada” dizer, que quem é bom chega sempre lá, e quem não o é fica com o que há. Resumindo e concluindo, cada um tem aquilo que merece.
           Se a vida fosse um filme e cada um fizesse o que lhe apetece, não existiriam homens do lixo, contínuos nas escolas, manicuras, cangalheiros, caixas de supermercado, estafetas, padeiros e porteiros, pedreiros nem carpinteiros. Enfim, tudo profissões com as quais ninguém sonha mas sem as quais não conseguimos viver. Muitos não terminaram a escola obrigatória. Mas são muito mais inteligentes, espertos e felizes, que toda essa carrada de amestrados que mete dó a arrastar penosamente a alma pelas ruas da amargura.
          O sonho só se da bem com os poetas. Quanto ao resto, é o acordar que importa para ver que há sempre alguém melhor, e não ter medo de fazer outra coisa, mesmo se isso implica fazer algo contra aquilo que estudamos, e receber um terço daquilo que sonhamos. Cada um é pago por aquilo que vale, na verdade quando começamos valemos muito pouco. Um canudo no bolso, só serve para iludir na política, de resto a vida não deixa de ser o que é.
          Diz o povo que sonhar não custa, razão pela qual não vale a pena sonhar. As empresas borrifam-se para os sonhos dos aspirantes a doutores. O povo deverá evitar problemas, borrifando-se para os aspirantes à mama da mesa do orçamento do estado. Há que fazer-lhe baixar a crista, vestir-lhe o fato de macaco e mandá-los trabalhar.
          Os jovens que admiro, são os que procuram trabalho, e que deixam essa coisa rara do emprego para os apaniguados e para paus mandados. Os jovens que trabalham são o nosso futuro. Depois de resolver a vidinha familiar colocarão ao serviço da comunidade o que aprenderam ao longo da vida. Os mamões são a nossa desgraça.
          Para os aspirantes à mama, e para os mamões no ativo, aconselho a teoria do meu colega. Aquecer-lhes o pelo e atirá-los à corga em pelota, e acender uma fogueira com a roupa para espalhar o frio que nos fazem passar.
          Acabou a era dos governos Caloteiros e presidentes Politiqueiros. Entrou a dos Sendeiros e dos Trauliteiros.
          Assim nunca mais é sábado, nem a Troika nos desampara a loja.

sábado, 3 de outubro de 2015

Os Políticos presos e os Oliveiras da Figueira

          
       Estamos f…dos. (“feridos”, para evitar maliciosas interpretações). Desde o tempo em que os presos políticos semeavam a admiração do povo, que andamos perdidos a calcorrear o caminho das pedras e da degradação política, até cair no abismo dos políticos presos, que semeiam vergonha nos calabouços deste povo pouco protegido contra as vigarices dos propagandistas do TinTin, transformados em “Oliveiras da Figueira” a vender guarda-chuvas no deserto tal como vendem a própria areia que atiram aos olhos do povo.
          Estava escrito que algum dia seriamos os primeiros. Mesmo se miseravelmente representados ao mais baixo nível na governação administrativa e ao mais alto nível na prisão preventiva com a nata do melhor que existe na ladroeira nacional. Não interessa saber qual dos governantes (se) governa melhor, se o aldrabão com mandato de legislatura, se o ladrão com mandado de captura.
          Com tanta propaganda não é portanto de admirar que a profissão de vigarista tenha ultrapassado em larga escala a de polícia e bombeiro no rol de preferências da miudagem que acorre em magotes aos cursos de carteiristas e afins. Todos sabemos que há por aí uma data de “profissões” que vão desde o Jotinha-cacique à menina-do-trottoir que nada ganham com a ciência dos livros porque vivem basicamente da ratice e experiência acumulada.
          Os candidatos a vigaristas devem imperativamente esquecer a escola e seguir à risca o curso de formação acelerada, trocando o cheiro do estrume da província pelo cheiro da cera da capital para encerar o cartão de filiação partidária que servirá de passe-partout para abrir a porta da universidade e do curso desejado, seguindo as pisadas dos seus ídolos já famosos-formados em gatunagem-especializada que facilmente são localizados mas raramente julgados e condenados.
          O problema para estes futuros amigos do alheio, é que a malta para além de outras vacinas, também já está vacinada com meia vida a trabalhar para o boneco, e começa a tê-los (no sítio) na mira prevendo-lhes para os próximos tempos perigosas tempestades na travessia do deserto, de onde só por milagre escaparão vivos para continuar a provocar tão devastadoras calamidades ambientais.
          É que isto de usar o povo como escadote para saltar para o outro lado da vida airosa acabou, os medíocres que ainda planeiam o projeto de vida nestas habilidades bacocas tem pela frente um futuro pouco promissor. O povo anda farto de ver a vida arruinada por causa desta sacanagem que um dia terá de acabar. Porém, penso que só quando a justiça começar a ler sentenças à vergastada pelas orelhas-abaixo é que estes maldiçoados perderão o vício de xuxar na xuxa e da roubalheira descarada que destrói o país.
          O último debate na assembleia da república sobre o estado da nação, foi de longe o mais elucidativo e sincero a que já assisti desde os longínquos tempos do 25 de abril. Até-que-enfim, os partidos do arco do poder redimiram-se e por milagre em vez de meter a mão no bolso da malta, meteram-na na consciência para se avaliar mutuamente perante o povo, dos tristes resultados de quarenta anos de democracia.
          Era difícil ser mais assertivos. O antigo governo comparou o atual com os sete pecados capitais. “A ganância e a preguiça”, com o desemprego e o aumento de impostos. “A gula e a inveja”, com a asfixia da classe média e as mentiras eleitorais etc. O atual governo comparou o “próximo” com as dez pragas do Egipto. “A peste que mata os animais e as rãs que cobrem a terra”, com os PEC da desgraça e as PPP. “Os piolhos que atormentam os homens e os primogénitos que morrem”, com os cortes nos salários da função pública e o endividamento, etc.
          Parece-me porém que estes pecados e pragas originais são brandos em comparação com os contrafeitos-gananciais que esta gente amaldiçoou o país.
Com estas milagrosas conversões da obra e graça do Espirito-Santo, falta saber se a malta não teria tudo a ganhar trocando o caminho das pedras pelo Sagrado-Caminho-da-Salvação fugindo deles como o diabo foge da cruz.
          Fico sempre de pé-atrás com católicos-da-treta que citam a bíblia sem saber benzer-se, cuja doutrina é de acreditar na força do capital que decreta o Paraíso no além para os pobres e no aquém para os ricos.
          Servem-se da Bíblia-Sagrada para passar a mensagem da promissão e da punição que seduz milhares de seres normais que tem contas a acertar com o todo-poderoso Pai-do-Céu e com a toda-poderosa Banca-da-Terra, usando as mensagens do Criador como arsenais de balizamento cultural e controlo social. Para esses católicos é o Deus-do-Capital que elege os dignos e os desgraçados da face divina e dos benificiários do leite e do mel.
          São estas pecadoras pragas que aclamam por uma poderosa televisão no lugar de uma poderosa religião, para não ter de ajoelhar e rezar em vez de investir na propaganda da narcodiversidade do haxixe e do canábis para cultivar o ópio-do-povo que acaba por entregar a carteira e a vida nas mãos destes quadrúpedes, pondo-se a jeito e à mercê dos coices desta democracia de políticos presos e ladrões, que advogam o despojamento das sandálias apostólicas acabando presos no ouro e no incenso dos seus compromissos falhados. Ataram uma corda ao pescoço de dignidade politica, agora que lhe rezem pela alma.
          Estes, discípulos com pés de barro que preferem ajoelhar perante a Goldman-Sachs para ganhar força e poder oferecer à cristandade a canonização do cristão “Cristiano”, o apóstolo da era moderna que vai a caminho dos altares pelas graças que derramou e milagres que operou ao transformar a irmã carpideira de funerais em cantadeira de tabernas e arraiais.
          Enfim: católicos profetas da desgraça com graça, verdadeiros empresários da opinião pública que nos chamam a depositar confiança e esperança na sua palavra e gestos de proximidade, envoltos em fraseados cativantes alinhavados de paroles para entreter parolos. O que pensamos desta gente é sobejamente conhecido, só faltava saber o que eles pensam de si próprios. Finalmente o que pensam não é diferente do que pensamos e foi magistralmente declarado na assembleia da república no último debate do estado da nação.
          PS para o PSD: “Tu és pior que os sete pecados capitais”. “A gula / ganância / luxúria / ira / inveja / preguiça / e soberba”.
          PSD para o PS: “E tu és pior que as pragas do Egipto”. “A água que se transforma em sangue / rãs que cobrem a terra / piolhos que atormentam os seres vivos / moscas que escurecem o ar / peste que mata os animais / pústulas que cobrem os homens / chuva de granizo destruidora / nuvens de gafanhotos / escuridão que tapa o sol três dias / e primogénitos que morrem”.
          São estas personagens que há quarenta anos transformaram a Lusitânia no “Khemed” do deserto e os Lusitanos nos “Beduínos” que pagam tudo inclusive a areia que tem debaixo dos pés. Finalmente somos uns  pilha-galinhas, bodes expiatórios destes pilha-fortunas cobertos pelo manto protetor do cordeiro de Deus que protege os “Oliveiras da Figueira” saídos das histórias do TinTin (antes de ir ver o sol) aos quadradinhos.
          Nós crucificados na cruz com estes ladrões, resta-nos rezar pela alma a proferir as últimas frases de Cristo pregado na cruz.“Pai, perdoai-os porque eles não sabem o que fazem”.“ESTÁ CONSUMADO”.

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

As valências da desgarrada

            03/09/20015

          Diz o povo (pelo menos por estas bandas) que, “a população menos acanhada é aquela que mais canta à desgarrada”, ao contrário dos copinhos não sei de quê, que não assobiam nem cantam, querem agradar a todos e desagradam a toda a gente, não falam, não escrevem, nem saem de cima, até parece que tem medo de morrer de fome se o dono lhes corta a palha da ração.
          Por isso sempre desconfiei das “virgens ofendidas” que em criança nunca atiraram uma pedrada aos vidros da janela do vizinho, que nunca desmontaram a corda do relógio-de-bolso do avô, que nunca colocaram pioneses na cadeira do padre e do professor, para não falar dos dias de aulas passadas aos grilos e às grilas em vez de ir aturar o mau-humor do professor que teve de jejuar e passar a noite a dormir no pátio da porta com o Bobby.
          Eu que sempre fui um gajo com requisitos e padrões de verticalidade-perpendicular-comportamental normalíssima nessas andanças, a quem nunca passou pela cabeça que existe uma idade-padrão para fazer asneiras, jurei que desta vez continuaria malhar o ferro, trocando as habituais fontes de informação para ir ver onde param as modas no meio do calor do povo como eu.
          Usei então o remanescente da inspiração para convencer a patroa de poder baldar-me à trela e curtir uma noitada de verão a solo nos festivais, arraias e demais materiais á solta que andam por aí. E se a noite não der para mais nada, pelo menos que dê para refrescar a mente e limpar a vista a contemplar os deslumbrantes pilares desses monumentos vivos verdadeiros patrimónios da humanidade.
          Benzi-me umas vinte vezes ao longo da viagem a pedir ao Criador para que tudo desse certo com a arriscada estratégia de ter reinventado o funeral de um amigo do Porto que Deus lá tem há meia dúzia de anos. A patroa achou bem, apadrinhou a atitude solidaria sublinhando que os amigos são para sempre. Preparou-me o fato que pendurou no cabide do banco traseiro do carro.
          Chegado à invicta, (terra do falecido) comecei por reconfortar o “dorido” no típico “Mal Cozinhado” com uns pastelinhos de bacalhau e arroz de feijão, sentado à mesinha redonda ali mesmo em frente ao pegão dos dois arcos em granito, a ouvir o encanto do fado vadio interpretado pela encantadora fadista Rosinda Maria, ela acompanhada à guitarra e eu à garrafinha de tinto do fundão fresquinha para me arrancar das unhas do inferno quotidiano e elevar-me até ao paraíso, pelo menos enquanto fazia a trasfega da garrafinha para o vasilhame e a Rosinda não dobrava o xaile para dar por terminada a sua atuação.
          Continuei a digressão paradisíaco na “Tendinha dos Clérigos”, farol vigilante das velhas faenas, para saborear mais três copas ao som de um saudoso e divinal “Rok-And-Roll” antes de iniciar o regresso na companhia de um jovem casal que pediu boleia até um lugarejo perdido perto de Vila-Verde.
          Já com as coordenadas todas a caminho da “Terra”, foi (ali) perto de Arcos-de Valdevez que fui atraído pelo toque da concertina e do cantar à desgarrada. Senti o fluxo sanguino acelerar com o pulsar do verdadeiro calor do povo de que gosto, ou não tivesse eu crescido a ouvir o “Delfim, o Marinho, o Sargaceira, o Cachadinha”, e a dar tareia-brava na avó (salvo-seja) a cantar à desgarrada à volta da lareira nas longas noites de inverno.
          Uma enorme multidão rodeava um grupo de artistas com três tocadores e outros tantos cantadores. Para não perder pitada do espetáculo subi as escadas da casa-da-mesa e sentei-me no pátio de pedra ao lado da senhora Rosqueira a quem pedi para me atar meia dúzia de roscas num cordelinho a fim de reequilibrar a queda do açúcar provocado pelo desgaste da longa viagem entre o além do Fado e do Rok-And-Roll, e o aquém da desgarrada e do açafate das roscas.
          Foi quase no tempo dos descontos que encontrei o que procurava nas sábias palavras da sabedoria popular. Num pedaço de toalha-de-papel gentilmente disponibilizada pela doce senhora anjo-da-guarda da minha glicemia que comecei a escrever esta cronica.
          Ao toque da concertina que até dava arrepios na espinha, entrava o primeiro cantador a desafiar o segundo e terceiro. Portugal está tão sombrio, por andar mal governado, por um governo vadio, que só rapa pró seu lado”. Respondia o segundo para o primeiro e terceiro. “Quem tem governos quem tem, governos de quem fiar, quem tem governos tem sorte, quem não os tem, tem azar”. O terceiro para o segundo e primeiro. “Com muitos que tu passeias, têm cuidado não te iludas, mostram-te boa figura, mas são falsos como Judas”. E assim continua a desgarrada. “É uma camaradagem, nos copos são tão fingidos, quando falta o dinheiro, também faltam os amigos”. “Ao recordar o passado, olhando agora o presente, como isto está mudado, com tanta coisa diferente”. “Dizem que é evolução, finalmente é uma miséria, há mais vigaristas e ladrões, do que gente humilde e séria”. “Meus amigos hoje-em-dia, há vários tipos de ladrões, uns roubam pouca valia, outros roubam aos milhões”. “O ladrão que é mal trapido, coitado rouba em segredo, mas o ladrão bem vestido, rouba à vista e sem medo”. “Há quem roube pra comer, já não tem outra opção, se rouba pra sobreviver, isso não é ser ladrão”. ”Ladrão é ter o poder, sem qualquer dedicação, quando rouba tem prazer, e faz disso profissão”. “Hoje em dia há ladroagem, em bandos e batalhões, sorriem noutra linguagem, com segundas intenções”. “Não temei os desgraçados, que roubam com certa lata, temei aqueles gatunos, de fato e de gravata”. ”Fui roubado fui roubado, protesta o povo na rua, quem houve fica assustado, e quem rouba continua”. ”E lá vão eles na vaga, a comer e passear, e aqueles que tudo pagam, só têm direito a reclamar”. ”Com tamanha epidemia, é preciso ter coragem, para enfrentar e sentir, a força da ladroagem”. ” Isto é um destrambelho, já nada nos reconforta, é sinal de alerta vermelho, com muitas trancas na porta”.
          Ainda estou a salivar com a última quadra de despedida cantada em coro pelos três magníficos artistas populares: “Foi em terras de Barroso, às cinco da madrugada, no coração de uma Aldeia, se cantou à desgarrada”.
          Já o sol ia alto com a gente sair da missa quando cheguei a casa, a patroa à minha espera com ar de quem quer passar a mão no pelo. “Olha-me só para isto, coitadinho tão triste e cansadinho de tanto chorar pelo amigo que em 2009 acompanhamos até à sua última morada no Cemitério do Prado do Repouso na freguesia do Bonfim: finalmente amigo que é amigo, mesmo sepultado é amigo para sempre”, concluiu.
          “Caíram-me ao chão”. Não me lembrava do eterno amigo, sem perder a compostura, ainda manietado com a corda toda da desgarrada, puxei dos galões e respondi-lhe em quadra para enquadrar este quadro mal encaixilhado: “Por tudo que já passei, já pouco ou nada me assusta, na próxima vez vais tu, para saberes quanto custa”.
          E eu a pensar que andava sozinho a pregar no deserto. É do Minho para o mundo que vai o exemplo: “a gente menos acanhada é a que mais canta à desgarrada”.
          Não vou perder mais tempo para fazer pele vida. “Pedro-Paulo e Costa, são os três da vigairada, se não trancamos as portas, comem tudo não deixam nada”. “São os três da vigairada, disso tenho a certeza, são pior que o Viagra, deixam toda a malta tesa”.

terça-feira, 18 de agosto de 2015

É o dono disto tudo

            18/08/2015
 
          Embora com algum folclore de cavalaria-ligeira à mistura, o caso Manuel Palito foi tratado pela justiça com rapidez e celeridade. A justiça prendeu quando pode prender, julgou quando devia julgar e condenou como devia condenar. O culpado cumpre agora uma pena justa da qual dificilmente sairá vivo para voltar a praticar mais crimes hediondos como aquele cometeu.
          Seguiu-se o caso Sócrates em que a justiça nem sequer esperou que o “fulano” partisse para o enjaular logo à chegada, com honras de “ramona”, polícia e televisão assessorada de paparazzi para que nada ficasse por registar pelas frinchas e buracos da fechadura até à ordenação da prisão preventiva com escolta até à cadeia de Évora.
          O caso (Sócrates) Marquês arrastou uma reboada de clientela amiga do alheio para a prisão carcerária e domiciliária, incluindo os obrigados a termo de entidade e residência como o chauffeur Pernas que regressou a casa em transporte escoltado às sapatadas no traseiro.
          Não posso quantificar ao certo, mas entre o recluso 44, os Vistos Dourados do Couto, e a Face Oculta do Vara, não andaremos muito longe do recluso 69, numero mítico que até os analfabetos gostam de numerar.
          Pouco a pouco o País ficava mais limpo. Passei a esquecer a chave na porta e a dormir com a janela aberta até acordar manhã-cedinho com louvados-seja à justiça que funcionava sob a batuta do Juiz Carlos Alexandre, um Lusitano que tanto me fez recordar o famoso Juiz Italiano, Giovanni Falconi que numa explosão de 500 quilos de dinamite, pagou com vida o preço de ter condenado 360 mafiosos de igual ou pior quilate dos que hoje apodrecem o nosso País.
          Depressa voltei a trancar portas e janelas depois de sonhar com uma carta que me tirou o sono, dirigida de “amigo” (Ricardo S) para “amigo” (Carlos A) reveladora e muito comprometedora de tanta amizade entre os dois amigos. Mesmo ao repelo dos habituais comentários branqueadores do sistema, a carta do inconsciente-sonho foi tão elucidativa, que nada me moverá da ideia que tudo isto é orquestrado pelo ainda dono-disto-tudo.
          Antes de passar o imprudente-sonho a limpo, recordemos que Ricardo Salgado foi constituído arguido em 2014 no caso Monte branco. Conhecido como o banqueiro do regime e o homem mais poderoso do País que durante mais de duas décadas liderou o BES e a fortuna familiar de centenas de milhões de euros.
          No tempo das vacas gordas foi galardoado com o título de “dono-disto-tudo” fundos europeus incluídos, por onde se cruzavam e genufletiam à passagem do dono em danças de ventre, todas as sanguessugas Lusitanas, incluindo empresários de bolso, papagaios comentadores, e políticos para se financiarem as licenciaturas-a-martelo com o intuito de chegar ao poder, cujo resultado agora encalhou nesta fornada de doutores analfabetos e governantes incompetentes que nunca fizeram na vida, alcançando o poder sem saber ler e escrever, nem elaborar o mais insignificante boletim de salario do mais insignificante assalariado no mercado de trabalho nacional.
          Com tantas benfeitorias poderemos perceber melhor a última afirmação de Ricardo Salgado; “Tudo farei para defender a minha honra e a honra de toda a família”. Rodeado de tanta amizade temos a certeza que vai conseguir.
          Segue o resumo do sonho que me tirou o sono, obrigou a trancar portas e janelas e a dormir com pesadelos. “Prezado amigo:
          É sempre bom ter-te por perto e disfrutar da tua lealdade, pois é fundamental a amizade de alguém em quem confiamos para que possamos partilhar as nossas angústias e problemas sem receios nem reserva.
          Passado um ano depois da queda do império BES e da família Espirito Santo, o tempo já foi suficiente para poder agora pensar no futuro depois de ter varrido o pó das prateleiras, ocultado o que havia para ocultar e destruído as provas que poderiam incomodar.
          A razão desta carta, é para com a maior brevidade possível marcar uma reunião, à qual me deslocarei pelos próprios meios mesmo não sendo muito usual neste tipo de situações. Acharás estranha, tanta urgência, e logo por azar em cima das férias judicias. O problema é que aquela “gentalha de emigrantes” que foi entubada com o papel comercial também tem férias, e parece que querem gozá-las com ideias pouco católicas. Será portanto conveniente ordenar-me a prisão preventiva, um pouco diferente daquele pilha-galinhas que está em Évora atrás das grades, e do peixeiro dos robalos que está anilhado no pombal.
          Podes ficar descansado, logo que regresse a casa em transporte particular considerar-me-ei preso domiciliário com policiamento, não por causa de quem poderá sair mas sim por causa de quem poderá entrar para me tirar a tosse e dar cabo do dono (e) disto tudo. Se tivesse apetências de viajante, tive a oportunidade e tempo suficiente para dar a volta ao mundo meia dúzia de vezes.
          Sabes que a coisa esta a mudar, as prescrições já não são o que eram e caem mal na opinião pública. Um imbróglio como o do BES merece bem meia dezena de anos de prisão, tantos quantos os necessários para me proteger enquanto a poeira assenta com raiva de vingança dos que trabalharam a vida toda para o “boneco”, no caso de ser este o novo nome artístico que me queiram dar. Espero portanto que o julgamento deste processo não ultrapasse os prazos limites porque a contagem decrescente da pena já começou a contar.
          O resto da reunião poderá alinhavar-se com mais alguns pontos na ordem de trabalhos. Por exemplo, a necessidade de elaborarmos uma lista de bodes-expiatórios daqueles mais fedorentos, que servem de airbag para amortecer os impactos e as réplicas dos impactos na opinião pública e publicada que vamos controlando.
          Ah: podendo ainda juntar o útil ao agradável matando dois coelhos (salvo seja) de uma só cajadada, não te esqueças de libertar aqueles três milhões da caução do Monte Branco que já não fazem qualquer sentido, tendo em conta que não há perigo de fuga, pela razão de já estar protegido a gozar da prisão domiciliária policiada. Sabes que em tempo de vacas-magras o dinheirinho faz falta para não cortar muito no “social”, a vida não está fácil para ninguém, assim poderemos manter os amigos e o caminho aberto com redobrada esperança no futuro.
          Chegados a esta bonita idade, bem merecemos a recompensa do guerreiro e a memória da nossa imortalidade. Tu ficarás conhecido como o herói sem medo (mesmo sem dinamite) que marcará para sempre a história da justiça nacional. Eu quero ver se ainda em vida consigo bater nas bilheteiras, o Al Capone e o Vito Corleone, e nas marisqueiras as mariscadas da reforma libre de vergonhas para a qual tantas-estopinhas-suei.
          Não te martirizes, prezado amigo. Sabes que 90% dos políticos licenciados no mercado fui eu que os licenciei e coloquei, 90% dos comentadores fui eu que os formei e ensinei. 90% das grandes empresas fui eu que as ajudei e financiei. Resta-nos apenas não meter o pé na argola, por os papagaios mediáticos a palrar e dar a entender à populaça que a justiça é igual para todos, incluindo para o Palito, o Bibi e o Pernas que andam de uma jaula para outra em passo apressado às sapatadas no traseiro. Abraço-te afetuosamente: Ricardo”.
          “O poder absoluto corrompe absolutamente”. E pronto: “o vento não me diz nada, ninguém diz nada de novo, vejo a minha Pátria pregada, nos braços em cruz do povo.

terça-feira, 21 de julho de 2015

A Tape voou e não mais voltou

            17/07/2015

          A tia Miquelina era uma mulher-e-peras, com pedigree, bonita, jeitosa e de pouca ração. A certa altura da vida viu que a coisa já nem com festinhas lá ia, decidiu queixar-se do cabeça de casal que não cumpria com os serviços mínimos, e pelo andar da carruagem a pouca ração caminhava a passos largos para o fim da ração “tout-court”.
          Um final de dia, quando o luar tomava conta da noite na encruzilhada do caminho no centro do lugar, onde os cabeças de casal se reuniam depois do trabalho antes da janta para pôr a conversa em dia, estava eu deitado numa cápea do telhado do palheiro do ti Gostinho, a descansar de um dia cansativo, a memorizar a tabuada do três e a debulhar um alqueire de milho com a avó para encher o fole que no dia seguinte a moleira recolheria na varanda do dono do palheiro, local conhecido pelo, “sítio dos foles da farinha”.
          Sem rodeios e sem o requinte da linguagem das novas pedagogias, o cabeça de casal “disparou” em jeito de confidência que a coisa já não levantava mais, e que o Sr. Dr. dos Hospitais lhe tinha dado os sentidos pêsames pelos falecidos pistões que estavam rotos, provocando o efeito de quem sopra num balão furado que não consegue encher! Quando os colegas reforçaram os pêsames e perguntaram que figura (agora) aquilo tinha, ele que era analfabeto mas sempre de cabeça levantada com os olhos firmados nas estrelas do céu a ler as notícias dos astros no firmamento, olhou discretamente para a perna adormecida que baloiçava pendurada na cápea do palheiro, acrescentando: “Dou graças a Deus, enquanto tiver língua e dedo”!
          Passadas décadas, com a “doação” da TAP ao abrigo da linguagem das novas pedagogias, fiquei a perceber que a “nave” do cabeça de casal já não levantava porque os vasos cavernosos estavam rotos, provocando o tal efeito de soprar num balão furado, como acontece com os lucros da TAP que desaparecem pelo buraco da consorcia Brasileira de manutenção e engenharia VEM. Por mais que a gente lhe sopre, a nave dificilmente conseguirá levantar.
          Quando pela primeira vez ouvi cantar a mais emblemática das canções portuguesas Grândola Vila morena, percebi logo à primeira que aquilo era mais um sonho e que o povo não ordenava coisa nenhuma. Porém, estava longe de mim pensar, que para além de desordenados, também somos um povo surdo por não querer ouvir, e cego por não querer ver a realidade que nos rodeia.
          Desde as primeiras horas pós o 25 de Abril que os políticos perceberam a desordem do povo, aproveitando-se para transformar os partidos em brigadas de assalto ao património do estado, instituindo um poderoso poder paralelo, deixando ao “povo libre” a liberdade de pagar impostos e votar onde entender, sabendo que o resultado será sempre o de esticar a língua os palmos que quiser, para continuar a lamber botas e as migalhas que caem no chão. Bem-haja o cabeça de casal que deu à sua nobre língua a nobreza de outras nobres lambidelas.
          Não vou perder o meu rico tempo a descrever os milhentos exemplos da ladroeira institucionalizada no País. Basta olhar para a atual e anterior governação, das quais falaremos quando a procissão sair do adro e recolher com o pálio dobrado, para perceber que singrar na vida com dinheiro empresta(da)do é preciso ser governante ou já ter governado,  de resto é conversa fiada e chover no molhado.
          Entristece-me só de pensar que alguém poderá acreditar que sou do tipo de paraquedistas que cai no deserto e começa logo a gritar: “se há governo sou contra”. Nada disso, apenas me preocupa que o amigo não perceba logo à primeira que a nossa situação não é comparável à do copo meio cheio, mas sim à do copo praticamente vazio. De resto até sou um tipo otimista quanto ao futuro, porque com a falta de liquidez que temos, esta ladroeira será sol de pouca dura e água de instantânea fervura!
          Há dias um “amigo” pintava um trinta-e-um do caraças contra políticos que prometeram tanto, comeram tudo e não deixaram nada. Perguntei ao “amigo” se o país das promessas em que vive é o mesmo que o meu, porque nunca dei conta de nada.
          Quando me prometiam uma casa de luxo, desconfiava que iria pagar duas, e que nem dinheiro tinha para pagar a água da piscina. Quando me prometiam um carro novo, desconfiava que iria pagar dois, e que nem dinheiro tinha para pagar o seguro e gasolina de um. Quando me prometiam umas férias exóticas de verão, desconfiava que não podia arredar o pé da soleira da porta, e que iria passar o inverno debaixo da ponte. Quando me prometiam uma viagem de cruzeiro barata, desconfiava que tinha de levar barbatanas para fugir a nado, evitando o regresso carregado de panelas que davam para a feijoada inaugural da ponte Vasco da Gama.
          A Grândola Vila Morena é hoje música celestial do “povo que mais ordena” a vida dos políticos agrupados em gangues organizados. Se o povo soubesse dançar a música de Zeca Afonso, “prevenia antes de remediar”.
          A amnésia do povo é a maior inimiga da prevenção. Lava-nos o cérebro, leva-nos a memória, impossibilita-nos de ver as assimetrias de governos irmãos-gémeos que pegaram-de-estaca em 74, cuja semente daninha continua a contaminar toda a sementeira.
          O exemplo de um povo distraído, é o de só ter percebido quem era e por onde entrou o Gaspar das finanças, quando este já tinha saído do governo e voltado para casa-mãe do FMI, depois de ter delapidado o património do estado para beneficiar os amigos, em prejuízo do povo que durante séculos tanto sofreu para o conseguir.
          Antes de voltar à casa-mãe, o Gaspar era como o champô dois em um, que depois dividiu um em dois, com a Luísa nas finanças e o (taxinhas) Pires na economia. Este, um ilustre empresário na indústria da cerveja, com remuneração mensal veiculada de vinte mil euros, que trocou pela remuneração de cinco mil no governo e pelo patriótico espirito de missão para missionar a época dos saldos e despachar o resto do stock armazenado.
          Deitou mãos à obra e desceu do IRC para (a sua e outras) grandes empresas, a fim de relançar a economia com a compra de mais alguns iates de luxo, e na criação do emprego lá para os lados das Seicheles, Bahamas, ou Punta Cana: onde Minhotos, Beirões e Algarvios desempregados vão ver por telepatia os sonhos realizados.
          O taxinhas vinha com a lição bem estudada. Depois de relançar o emprego exótico e a economia naval, até conseguiu a proeza de enganar o Neeleman e o “ferroviário” Barraqueiro com a venda da TAP “falida”, cheia de buracos cavados desde o reinado do Guterres, sem que ninguém tenha dado por nada. A não ser que o tempo das cavações tenha sido o tempo útil e necessário, para que a noiva se apresentasse linda e asseada no dia do enlace da união de fato, (e gravata) com a bênção de Deus e aplausos de toda a comunidade.
          Isto chama-se lealdade para com os amigos. “PSD, PS e CDS: hoje por ti e pelos meus, amanhã por mim e pelos teus, e o povo que se f..a entre os seus”.
          O nosso comportamento de lambe-botas perante esta roubalheira descarada, faz lembrar-me o sujeito que caiu de um prédio de vinte andares, e enquanto vinha a cair gritava: “por enquanto tudo bem!”
          Nós continuamos a cair e a soprar no balão furado, mas: “por enquanto tudo bem”. “Enquanto tivermos língua e dedo já nada nos mete medo”.