Estamos f…dos. (“feridos”, para
evitar maliciosas interpretações). Desde o tempo em que os presos políticos
semeavam a admiração do povo, que andamos perdidos a calcorrear o caminho das
pedras e da degradação política, até cair no abismo dos políticos presos, que semeiam
vergonha nos calabouços deste povo pouco protegido contra as vigarices dos
propagandistas do TinTin, transformados em “Oliveiras da Figueira” a vender
guarda-chuvas no deserto tal como vendem a própria areia que atiram aos olhos
do povo.
Estava escrito que algum dia
seriamos os primeiros. Mesmo se miseravelmente representados ao mais baixo
nível na governação administrativa e ao mais alto nível na prisão preventiva
com a nata do melhor que existe na ladroeira nacional. Não interessa saber qual
dos governantes (se) governa melhor, se o aldrabão com mandato de legislatura,
se o ladrão com mandado de captura.
Com tanta propaganda não é
portanto de admirar que a profissão de vigarista tenha ultrapassado em larga
escala a de polícia e bombeiro no rol de preferências da miudagem que acorre em
magotes aos cursos de carteiristas e afins. Todos sabemos que há por aí uma
data de “profissões” que vão desde o Jotinha-cacique à menina-do-trottoir que
nada ganham com a ciência dos livros porque vivem basicamente da ratice e
experiência acumulada.
Os candidatos a vigaristas devem
imperativamente esquecer a escola e seguir à risca o curso de formação acelerada,
trocando o cheiro do estrume da província pelo cheiro da cera da capital para
encerar o cartão de filiação partidária que servirá de passe-partout para abrir
a porta da universidade e do curso desejado, seguindo as pisadas dos seus ídolos
já famosos-formados em gatunagem-especializada que facilmente são localizados
mas raramente julgados e condenados.
O problema para estes futuros amigos
do alheio, é que a malta para além de outras vacinas, também já está vacinada
com meia vida a trabalhar para o boneco, e começa a tê-los (no sítio) na mira
prevendo-lhes para os próximos tempos perigosas tempestades na travessia do
deserto, de onde só por milagre escaparão vivos para continuar a provocar tão
devastadoras calamidades ambientais.
É que isto de usar o povo como escadote para
saltar para o outro lado da vida airosa acabou, os medíocres que ainda planeiam
o projeto de vida nestas habilidades bacocas tem pela frente um futuro pouco promissor.
O povo anda farto de ver a vida arruinada por causa desta sacanagem que um dia
terá de acabar. Porém, penso que só quando a justiça começar a ler sentenças à
vergastada pelas orelhas-abaixo é que estes maldiçoados perderão o vício de
xuxar na xuxa e da roubalheira descarada que destrói o país.
O último debate na assembleia da
república sobre o estado da nação, foi de longe o mais elucidativo e sincero a que
já assisti desde os longínquos tempos do 25 de abril. Até-que-enfim, os
partidos do arco do poder redimiram-se e por milagre em vez de meter a mão no
bolso da malta, meteram-na na consciência para se avaliar mutuamente perante o
povo, dos tristes resultados de quarenta anos de democracia.
Era difícil ser mais assertivos. O antigo
governo comparou o atual com os sete pecados capitais. “A ganância e a preguiça”,
com o desemprego e o aumento de impostos. “A gula e a inveja”, com a asfixia da
classe média e as mentiras eleitorais etc. O atual governo comparou o “próximo”
com as dez pragas do Egipto. “A peste que mata os animais e as rãs que cobrem a
terra”, com os PEC da desgraça e as PPP. “Os piolhos que atormentam os homens e
os primogénitos que morrem”, com os cortes nos salários da função pública e o endividamento,
etc.
Parece-me porém que estes pecados
e pragas originais são brandos em comparação com os contrafeitos-gananciais que
esta gente amaldiçoou o país.
Com estas milagrosas conversões da
obra e graça do Espirito-Santo, falta saber se a malta não teria tudo a ganhar
trocando o caminho das pedras pelo Sagrado-Caminho-da-Salvação fugindo deles
como o diabo foge da cruz.
Fico sempre de pé-atrás com
católicos-da-treta que citam a bíblia sem saber benzer-se, cuja doutrina é de
acreditar na força do capital que decreta o Paraíso no além para os pobres e no
aquém para os ricos.
Servem-se da Bíblia-Sagrada para passar a mensagem da promissão e da
punição que seduz milhares de seres normais que tem contas a acertar com o
todo-poderoso Pai-do-Céu e com a toda-poderosa Banca-da-Terra, usando as
mensagens do Criador como arsenais de balizamento cultural e controlo social.
Para esses católicos é o Deus-do-Capital que elege os dignos e os desgraçados
da face divina e dos benificiários do leite e do mel.
São estas pecadoras pragas que
aclamam por uma poderosa televisão no lugar de uma poderosa religião, para não
ter de ajoelhar e rezar em vez de investir na propaganda da narcodiversidade do
haxixe e do canábis para cultivar o ópio-do-povo que acaba por entregar a
carteira e a vida nas mãos destes quadrúpedes, pondo-se a jeito e à mercê dos
coices desta democracia de políticos presos e ladrões, que advogam o
despojamento das sandálias apostólicas acabando presos no ouro e no incenso dos
seus compromissos falhados. Ataram uma corda ao pescoço de dignidade politica,
agora que lhe rezem pela alma.
Estes, discípulos com pés de
barro que preferem ajoelhar perante a Goldman-Sachs para ganhar força e poder oferecer
à cristandade a canonização do cristão “Cristiano”, o apóstolo da era moderna que
vai a caminho dos altares pelas graças que derramou e milagres que operou ao
transformar a irmã carpideira de funerais em cantadeira de tabernas e arraiais.
Enfim: católicos profetas da desgraça com graça, verdadeiros
empresários da opinião pública que nos chamam a depositar confiança e esperança
na sua palavra e gestos de proximidade, envoltos em fraseados cativantes
alinhavados de paroles para entreter parolos. O que pensamos desta gente é
sobejamente conhecido, só faltava saber o que eles pensam de si próprios. Finalmente
o que pensam não é diferente do que pensamos e foi magistralmente declarado na
assembleia da república no último debate do estado da nação.
PS para o PSD: “Tu és pior que os sete pecados capitais”. “A gula / ganância / luxúria
/ ira / inveja / preguiça / e soberba”.
PSD para o PS: “E tu és pior que as pragas do Egipto”. “A água que se transforma em
sangue / rãs que cobrem a terra / piolhos que atormentam os seres vivos /
moscas que escurecem o ar / peste que mata os animais / pústulas que cobrem os
homens / chuva de granizo destruidora / nuvens de gafanhotos / escuridão que
tapa o sol três dias / e primogénitos que morrem”.
São estas personagens que há
quarenta anos transformaram a Lusitânia no “Khemed” do deserto e os Lusitanos
nos “Beduínos” que pagam tudo inclusive a areia que tem debaixo dos pés.
Finalmente somos uns pilha-galinhas,
bodes expiatórios destes pilha-fortunas cobertos pelo manto protetor do
cordeiro de Deus que protege os “Oliveiras da Figueira” saídos das histórias do
TinTin (antes de ir ver o sol) aos quadradinhos.
Nós crucificados na cruz com estes
ladrões, resta-nos rezar pela alma a proferir as últimas frases de Cristo
pregado na cruz.“Pai, perdoai-os porque eles não sabem o que
fazem”.“ESTÁ CONSUMADO”.
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